Para 2025 vou levar, como lembrete dobrado no bolso, uma das imagens mais lindas de 2024. E a deixarei aqui de presente, para quem quiser.
Bethânia olha para mim – eu acredito que seja para mim –, coloca a mão esquerda na cintura e requebra o quadril, com um olhar de quem quer seduzir, quer não, de quem seduziu, seduz. Um estádio de futebol, com cinquenta mil pessoas, aplaude, canta, chora.
Bethânia tem 78 anos. E eu poderia dizer: não parece. Mas não é o que quero dizer. Não existe não parecer o que se é. O que existe é uma sociedade que diz às mulheres como elas devem se parecer. Como elas devem se portar. Quem devemos ser e em cada idade. E, aos 78, não nos seria permitido muita coisa. Não nos seria permitido esse vigor e essa sensualidade. Mas Bethânia não está nem aí. Ainda bem.
Ela prova, para quem precisa de provas, que uma mulher pode muito. Uma mulher quase octogenária pode muito. Pode cantar, encantar, pode ser sensual, fascinar uma multidão.
Saí do show enlevada. Marcada pela imagem do sorriso maroto da diva. E com a certeza de que não existe um modo irrefutável de ser mulher e de envelhecer
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“Não existe não parecer o que se é.” Perfeito!